Quinto mais frequente entre os homens goianos, os cânceres de tireoide e boca devem atingir 1.420 goianos até o final do ano. A previsão é do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e ganhou destaque por conta do Julho Verde, mês de conscientização e combate ao câncer de cabeça e pescoço. As doenças estão no grupo de neoplasias que atingem a região da cabeça e pescoço – o que inclui também lábios, assoalho da boca e palato, maxilares, nasofaringe, orofaringe e hipofaringe.
O Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP), organização sem fins lucrativos que encabeça campanhas de informação sobre esse tipo de tumores, lembra que os principais fatores de risco, apesar de conhecidos (tabagismo, bebidas alcoólicas e infecção pelo vírus HPV) e potencialmente evitáveis, continuam a crescer em números de casos, por isso a importância de manter em dia os exames de rotina.
Em Goiás, o Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ) também realiza uma força-tarefa para intensificar o diálogo com paciente e acompanhantes, destacando os principais sinais de alerta emitidos pelo corpo. “Feridas e dores persistentes na boca, aparecimento de nódulo ou espessamento na bochecha, irritação na garganta e dificuldade para mastigar, engolir e mover a mandíbula ou a língua precisam acender uma sirene na cabeça da pessoa”, alerta o oncologista e chefe do Setor de Cabeça e Pescoço da unidade de saúde, José Carlos de Oliveira.
Neste cenário, José Carlos chama atenção para outro importante fator de risco: a relação entre o câncer de orofaringe e o aumento de casos do vírus HPV – comum em pacientes que lutam contra cânceres na amígdala e língua. “Uma das formas de contágio por essa infecção é por meio da prática do sexo oral e em pessoas com múltiplos parceiros sexuais”, explica.
Panorama nacional
As estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para cada ano do próximo triênio (2023-2025) apontam para 41 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço.
Ao evitar os fatores de risco, especialistas do GBCP alertam que cerca de 40% dos casos poderiam ser evitados. Não fumar, não consumir em excesso bebidas alcoólicas e estar vacinado contra HPV. Por sinal, desde janeiro de 2017, o Ministério da Saúde oferece a proteção de meninos contra o vírus HPV. Essa medida se soma à imunização que já ocorria desde 2014 nas meninas. As vacinas contra HPV protegem contra os dois subtipos do vírus mais associados com câncer. Os HPVs oncogênicos – 16 e 18 – são também prevalentes em tumores de cabeça e pescoço, principalmente de orofaringe.
A entidade encabeça ainda a campanha “Pessoas que Mudam Histórias”, chamando a atenção para o papel dos profissionais de diferentes áreas envolvidos no cuidado multidisciplinar ao paciente – além de oncologistas clínicos, cirurgiões de cabeça e pescoço e radio-oncologistas – de especialistas das áreas de Fonoaudiologia, Fisioterapia, Nutrição, Endocrinologia, Estomatologia, Enfermagem, Otorrinolaringologia, Odontologia e Psicologia. Simultaneamente, a campanha também alerta para a importância do diagnóstico precoce.
Quem descobre cedo o tumor, tem maiores chances de sucesso do tratamento e menor possibilidade de ficar com sequelas. Dados sobre câncer de cavidade oral e laringe do levantamento SEER, do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos (NCI), apontam que 86,6% dos pacientes estão vivos cinco anos após o tratamento quando o tumor era inicial, localizado apenas no órgão. Quando a doença se espalha pelos linfonodos a taxa de sobrevida em cinco anos cai para 69,1%. Com doença à distância (metástase) a taxa é de 39,3%.